quinta-feira, 18 de junho de 2009

Jornalismo de luto


Agora é fato: para atuar como jornalista não é mais necessário ter diploma de curso superior em Jornalismo. O Supremo Tribunal Federal decidiu ontem pela não obrigatoriedade do diploma. O único a votar a favor do diploma foi o Ministro Marco Aurélio Mello.

A palavra de ordem é retrocesso: o presidente do Sindicato dos Jornalistas de SC, Rubens Lunge, e a coordenadora do curso de Jornalismo da Faculdade Satc, Lize Burigo consideraram a decisão do Supremo um retrocesso. Mas Lize Burigo salienta que o conhecimento adquirido pelo jornalista formado não pode ser tirado e "é isso que fará a diferença entre o jornalista graduado e aquele que acha que sabe fazer". Já o presidente do Sindicato reforça que o diploma não será exigido, mas continua sendo obrigatório o Registro Profissional. "Perdemos a obrigatoriedade da formação universitária, agora precisamos nos fortalecer ainda mais para não perder outros direitos históricos. Para isso o sindicato precisa contar com a participação de todos", afirmou Rubens Lunge.


Protestos


O Jornal da Manhã expressou a indignação de seus profissionais com uma capa "de luto" e jornalistas de Criciúma estão se organizando para comparecerem todos vestidos de preto hoje na entrega do Prêmio Acic de Jornalismo.


Os blogs e twitter de jornalistas estão bombando com opiniões e declarações sobre o caso. Lene de Costa, jornalista que atua em veículos da web, afirmou em seu blog:


"Conheço pessoas fantásticas que tem o dom da cura, mas elas não podem ser consideradas médicos.Conheço pessoas que argumentam como ninguém e defendem realmente os direitos de quem precisa, mas elas não podem se intitular advogados.Mas para o STF, quem escreve ou fala bem atrás do microfone, em frente às câmeras, ora, pode muito bem ser jornalista. Ser formador de opinião. Ser tomado por verdadeiro."


Magali Colonetti, formada em Publicidade e Jornalismo, tem medo de que a decisão do STF influencie os administradores de veículos de comunicação a contratarem pessoas não graduadas para economizar. "Tenho medo de maus administradores que poderam enxergar ai uma forma de redução de custos com a folha de pagamento. Sem o diploma a hora/trabalho deverá ser mais barata.", afirma Magali. Mas ela acredita que boas empresas continuarão valorizando o jornalista formado e que vale a pena ter estudado para exercer a profissão: "Conhecimento teórico sempre é importante. Sem falar que estudando quatro anos você constrói uma base legal e não precisa iniciar totalmente do zero em uma profissão. Bom para o profissional e bom para a empresa que não precisa ensinar todos os mínimos detalhes de como exercer a profissão para o novato."


Enquanto alguns afirmam que a não obrigatoriedade do diploma não trará grandes mudanças nas empresas de comunicação, outros não estão nada otimistas. Taize Pizoni, jornalista que já trabalhou em diversos veículos, hoje atua como assessora de imprensa do Hospital São José e repórter do Jornal da Manhã, acredita que as empresas tem interesse em contratar pessoas não formadas para exercer a profissão de jornalista. "A ação que resultou neste trágico fim foi movida pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo. O que reafirma o interesse da direção dos veículos de comunicação em não ter jornalistas diplomados", justifica Taize.

Leia também:

Sou jornalista e não desisto nunca - artigo de Maíra Rabassa, ex-diretora executiva do Sindicato dos Jornalistas de SC.


Fontes:


Coluna Jovem e Atual


Rádio Criciúma


Filipe Casagrande



Um comentário:

  1. E como desistir, não é mesmo meninas? E ainda temos que sair nas ruas e virar motivo de chacota da canalha que sempre nos quis ver pelas costas. Deprimente!

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