sexta-feira, 19 de junho de 2009

"Por que advogados precisam de diploma de direito?": não aguento mais ouvir essa frase!

Alguns leitores perguntaram qual o posicionamento do Tudo de Cri quanto a atual não obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para se exercer a função de jornalista. A Ana já deu sua opinião no comentário de um post anterior e eu (Juliana Dacoregio, formada em Jornalismo), pessoalmente devo dizer que concordo com ela e concordo com aqueles que dizem que a decisão do STF é um retrocesso para a nossa categoria e para e imprensa de qualidade de modo geral. Já postei sobre o assunto em meu blog pessoal, defendendo a obrigatoriedado do diploma.

Mas também preciso dizer que há pontos de vista com argumentos fortes afirmando que essa mudança trará melhorias ao ensino superior e que não há razão para tanto alarme já que muitas profissões, como administração de empresas e publicidade por exemplo, não exigem diploma específico para a função, apesar de exigirem alguma formação superior.

Não fiquei feliz com a decisão do STF e não acho que ela me trará vantagem alguma, mas consigo usar minha racionalidade para compreender os argumentos daqueles que defendem a não obrigatoriedade do diploma. Porém, eu defendo e sempre defenderei o estudo, o conhecimento, a cultura e o preparo e acredito que essas coisas aprendem-se sim em uma faculdade!

Mas acredito que nós, jornalistas, não devemos levar essa discussão para o lado de dizer que outras profissões, como médicos ou advogados, também não deveriam exigir diploma de graduação. Claro que são coisas que falamos no calor do momento e da indignação, talvez até uma forma de fazer humor com a desgraça, mas já está constrangedor ler comentários tão rasos. Resumindo: o papo de "vamos pedir a não obrigatoriedade do diploma de direito para os advogados" ou "você se operaria com um médico que não fosse formado?" CANSOU! (Gente, na boa, sei que muitos falaram isso porque foram na onda ou porque estavam de sangue quente, mas chega, já deu, já tá ficando feio pra gente!) Insistir nisso é infantilidade, além de passar um super recibo de desconhecimento e despreparo. Reclamam da ignorância dos Ministros do Supremo, mas demonstram uma ignorância infinitamente maior.

É uma pena que nós jornalistas formados só tenhamos frases desprovidas de qualquer criatividade e conteúdo para expressarmos nosso descontentamento. É uma pena que jornalistas formados não tenham o discernimento necessário para entender que mesmo quem concorda com a decisão do Supremo NÃO É CONTRA O DIPLOMA. É uma pena ver jornalistas formados julgando e condenando aqueles que têm opiniões contrárias às suas.

Leia também:

4 comentários:

  1. Um dos comentários mais sensatos a respeito do assunto. Parabéns...

    ResponderExcluir
  2. Totalmente pertinente seu comentário a respeito do despreparo dos que condenam pura e simplesmente a extinção da obrigatoriedade do diploma. O maior exemplo desse despreparo, ouvimos hoje de manhã na Eldorado. Um certo Decordes (não lembramos o primeiro nome) teria dito "agora qualquer burro pode escrever". Absolutamente estapafúrdio. Esperamos que esse cidadão não esteja escrevendo por aí. A obtenção do diploma, por si só, não credencia ninguém. Nesse propósito, citamos o que ocorre com o Direito. O curso tem um nível de exigência semelhante ao de Jornalismo (Comunicação), senão maior, porém o diploma não garante o exercício da profissão. A OAB aprova cerca de 30% dos que fazem exame de ordem, do que se conclui que 70% dos aprovados nas faculdades são declarados inaptos para iniciar uma carreira na advocacia. Há razões para crer que em Comunicação haja proporções semelhantes. Está claro que para escrever besteira não precisa de diploma, está claro que quem tem diploma também poderá escrevê-las, nesse caso com o agravante de que achará que pode fazê-lo porque tem o canudo.

    p.s.: dizer que "qualquer burro pode escrever" infere em duas outras conclusões: a) nossos jornais são absolutamentes desqualificados e incopetentes para selecionar seus colaboradores; b) o leitor - responsável final pelo emprego do jornalista, é o mais burro de todos.

    ResponderExcluir
  3. Esse assunto ainda vai dar muito debate. Achei realmente interessante você lembrar da "triagem" que a OAB faz dos advogados. Concordo contigo que o que temos é um problema educacional, de fato. Escrevi mais sobre esse raciocínio aqui: http://migre.me/2A8w. A diferença é que, em essência, sou a favor do diploma não obrigatório.

    ResponderExcluir
  4. Bom texto (embora eu não concorde com tudo), especialmente no final. Dizer "fulano é contra o diploma" é o mesmo que afirmar "beltrano é favorável ao aborto". Isso não existe. Na real, acho que a obrigatoriedade criou uma reserva de mercado que resultou no nivelamento por baixo dos cursos de jornalismo...Os argumentos dos ministros do STF foram TOSCOS, mas acho provável que essa decisão acabe melhorando o nível dos cursos - a procura tende a diminuir e os piores tendem a fechar.

    ResponderExcluir

Deixe seu recado. Exponha sua opinião.